Longevidade ativa masculina: o papel dos hormônios na força, vitalidade e desempenho após os 40

Compartilhe esse artigo.

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn

A longevidade não é mais medida apenas em anos de vida, mas em anos com saúde, autonomia e vitalidade. Para muitos homens, especialmente após os 40 anos, esse ideal parece cada vez mais distante diante do cansaço crônico, da perda de libido, do ganho de gordura abdominal e da queda de rendimento físico e mental. No centro desse processo está um fator cada vez mais reconhecido: o desequilíbrio hormonal.

A partir da quarta década de vida, os homens passam por uma redução gradual da testosterona, principal hormônio masculino responsável por características como massa muscular, desejo sexual, energia, foco, força e estabilidade emocional (Harman et al., 2001). Esse processo, muitas vezes silencioso, recebe o nome de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) ou, popularmente, andropausa.

A testosterona e a perda de vitalidade

Diferente da menopausa feminina, a queda da testosterona nos homens ocorre de forma lenta e progressiva. Mesmo níveis considerados “normais” em laboratório podem ser insuficientes para manter o funcionamento ideal em certos indivíduos. Estudos indicam que a baixa testosterona está associada a maior risco de diabetes tipo 2, síndrome metabólica, depressão e mortalidade cardiovascular (Araujo et al., 2011).

Homens com deficiência androgênica frequentemente relatam:

  • Redução de energia e disposição para atividades cotidianas
  • Diminuição da libido e disfunção erétil
  • Ganho de peso, especialmente na região abdominal
  • Perda de massa muscular e de força física
  • Alterações de humor, irritabilidade e desmotivação
  • Dificuldade de concentração e memória

Reposição hormonal: quando e como fazer

A reposição de testosterona é indicada em homens com níveis reduzidos do hormônio (geralmente < 300 ng/dL) e sintomas clínicos compatíveis. A decisão deve ser baseada em avaliação médica detalhada, com exames laboratoriais e análise individualizada do histórico de saúde (Bhasin et al., 2018).

As formas de reposição incluem:

  • Injeções intramusculares (curta ou longa duração)
  • Géis transdérmicos
  • Implantes subcutâneos de liberação prolongada

Entre os métodos, os implantes hormonais têm ganhado destaque por oferecerem liberação contínua, alta adesão e estabilidade hormonal, com menor risco de picos e quedas de testosterona. Além disso, dispensam a aplicação frequente, o que aumenta a comodidade do tratamento (Morgentaler et al., 2015).

Benefícios da terapia hormonal bem conduzida

Quando realizada com segurança e acompanhamento, a reposição hormonal pode proporcionar:

  • Aumento da força e da massa muscular
  • Redução da gordura visceral
  • Melhora da libido e da função sexual
  • Aumento da densidade óssea
  • Estabilização emocional e melhora do humor
  • Ganhos cognitivos e maior clareza mental

Além disso, estudos apontam melhora da qualidade de vida global e redução de marcadores inflamatórios e metabólicos, contribuindo para um envelhecimento mais saudável e ativo (Pastuszak et al., 2013).

Segurança e acompanhamento

O tratamento hormonal exige monitoramento rigoroso, incluindo:

  • Testosterona total e livre
  • Hemograma (com foco no hematócrito)
  • PSA (para controle prostático)
  • Perfil lipídico e função hepática
  • Avaliação clínica periódica

A reposição não é indicada para todos. Casos de câncer de próstata, apneia do sono grave não tratada, policitemia ou problemas hepáticos devem ser cuidadosamente avaliados (Mulhall et al., 2018).

Conclusão

A longevidade ativa masculina não é uma promessa inalcançável. Com avaliação individualizada, equilíbrio hormonal, exercício físico, alimentação adequada e sono de qualidade, é possível viver mais — e melhor. Os hormônios, especialmente a testosterona, são peças-chave na manutenção da força, energia e desempenho do homem maduro. Repor quando necessário é, antes de tudo, um ato de saúde preventiva e autocuidado.


Referências

ARAUJO, A. B. et al. Clinical review: Endogenous testosterone and mortality in men: a systematic review and meta-analysis. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 96, n. 10, p. 3007–3019, 2011. DOI: https://doi.org/10.1210/jc.2011-1137

BHASIN, S. et al. Testosterone therapy in men with hypogonadism: an Endocrine Society clinical practice guideline. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 103, n. 5, p. 1715–1744, 2018. DOI: https://doi.org/10.1210/jc.2018-00229

HARMAN, S. M. et al. Longitudinal effects of aging on serum total and free testosterone levels in healthy men. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 86, n. 2, p. 724–731, 2001. DOI: https://doi.org/10.1210/jcem.86.2.7219

MORGENTALER, A. et al. Testosterone therapy and cardiovascular risk: advances and controversies. Mayo Clinic Proceedings, v. 90, n. 2, p. 224–251, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2014.10.011

MULHALL, J. P. et al. Evaluation and management of testosterone deficiency: AUA Guideline. The Journal of Urology, v. 200, n. 2, p. 423–432, 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.juro.2018.03.115

PASTUSZAK, A. W. et al. Testosterone therapy in men with testosterone deficiency: are we beyond the point of no return? World Journal of Men’s Health, v. 31, n. 3, p. 205–213, 2013. DOI: https://doi.org/10.5534/wjmh.2013.31.3.205

Preencha o Formulário abaixo e fique por dentro de tudo do Instituto Mantese